Cidade | Edição #411 - 04/05/2015
Moradora vive há 36 anos em rua com nome do marido, que morreu há 25, e é exemplo para quem a conhece e mora no bairro
PEDRO HENRIQUE SOLHEID
Aluno de Jornalismo
Olímpia Alves, 82, moradora da Vila Esperança desde 1979 (Foto: Pedro Solheid)
Quem passa pela Viela Onófre Alves, na Vila Esperança, região norte de Maringá, nem imagina que ali mora a viúva do carpinteiro que deu nome à rua. Uma das primeiras moradoras do bairro, Olímpia Faria Alves, 82, mudou-se para lá com o marido e mais oito filhos, em 1979, quando não havia ali nada mais do que mato e uma plantação de café. Em 1991, a Prefeitura de Maringá mudou o nome da Viela 8 para Viela Onófre Alves, em homenagem ao pioneiro, que já havia morrido.
Forçada a deixar a casa que moravam e trabalhando como zeladora no Colégio Santa Cruz, na região oeste da cidade, com salário de R$ 100, na época, dona Olímpia conseguiu sustentar toda a família e economizar R$ 70 para pagar as prestações do terreno onde construiria não só a própria casa, mas uma relação de amor com o lugar.
A UEM para mim é tudo, é maravilhosa, é como se fosse o quintal da minha casa
Ela conta que não existia asfalto nem água encanada quando foram para lá. Era preciso andar na terra, pelo meio do mato, para pegar água em um poço artesiano. E era por dentro da Universidade Estadual de Maringá (UEM), fundada em 1969, o caminho mais fácil para chegar em casa.
A filha Vaunilda Aparecida Alves Vargas, 59, já era adulta quando a família se mudou, portanto se lembra bem de como foi difícil para a mãe lidar com as necessidades dos filhos. O pai, já idoso e muito doente, não conseguia mais trabalhar. “Passamos muita dificuldade, mas se tivesse uma bala ela cortava um pedacinho para cada filho”, diz Vaunilda sobre a mãe.
Com a nova casa ainda em construção, mas já morando lá, Olímpia perdeu o emprego que tinha há 20 anos no Colégio Santa Cruz. Surgiu então a oportunidade de trabalhar, também como zeladora, na UEM, onde ficou por 12 anos, até se aposentar. “A UEM para mim é tudo, é maravilhosa, é como se fosse o quintal da minha casa”, conta a vizinha e ex-funcionária da universidade.
Hoje, com sete dos filhos vivos, 17 netos e 10 bisnetos, a maioria deles vivendo na Vila Esperança, dona Olímpia e a família criaram forte vínculo com o lugar. “Eu gosto daqui, já tive vontade de sair, mas não troco. Pretendo ficar aqui, ter minha família, meu filhos, tudo aqui”, diz Ana Claudia Alves Vargas, 23, uma das netas dela, nascida e criada no bairro
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